quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

FALAR DO TRANSPORTUGAL 2007 - Dia 5

Castelo de Vide - Monsaraz

Nem sei muito bem, como é que vou conseguir explicar em texto o que se passou e o que senti nesse dia. Em resumo posso dizer que foram 163 km feitos em 10h30m com um acumulado de subida de mais de 3.000 mts, para apimentar e tornar a coisa mais difícil, posso ainda dizer que choveu durante os "primeiros" 120 kms.

É verdade, depois do dia anterior ter sido um pouco mais calmo e com bom tempo, a manhã do dia 5 estava impossível. Digamos que nunca tinha saído para treinar de baixo de um autentico diluvio.

Os belgas iam gozando o panorama e avisando que se sentiam em casa e claro iam aproveitar, para pedalar forte.

O início é muito bom e fácil de fazer, só estamos a falar de uma calçada romana que com a valente chuva que caía estava escorregadia a ponto de não ser possível fazer montado (falo por mim) e em pouco tempo tinha os óculos completamente embaciados, o que me obrigou a fazer o dia quase todo sem óculos. Em seguida uma descida também em calçada onde a erva não deixava ver quais a pedras que faltavam o valeu mais uma queda ao Adriano, desta vez com o inconveniente de umas costelas fissuradas, mas que não o fizeram desistir. Seguimos para mais uma boa subida onde a presença do Agnelo (a fotografar) deixa adivinhar a dificuldade da mesma. Subimps um pouco de S. Mamede e na descida, que para mim foi bem difícil (não é fácil ter miopia e andar sem óculos), acabo por descolar do Adriano que lá ia suportando a dor como podia. Na passagem pelo Alegrete vejo alguns desistentes, mas a verdade é que ainda faltavam mais de 120 Kms para o final e não convinha parar para não arrefecer.

A chuva continuava e chego-me a mais um grupo um seguem os dois Ingleses e a Carol Silvera mas o facto de estes seguirem em ritmo de poupança faz com rapidamente os deixe para trás. No entanto este grupo de novo se juntou a mim, fruto do tempo perdido para se abrir e fechar portões (mais um fenómeno do Alentejo). E seguimos em grupo até perto do Km 60 onde a Carol decide desistir, ficando apenas eu e os Ingleses na tarefa de abrir e fechar os mais de 30 portões que a etapa conta. Volto a abandonar o grupo e quando estou a chegar perto da Filomena (era a primeira vez que me cruzava com a 1ª Portuguesa a completar a TransPortugal) numa curta subida parto a corrente. Felizmente consigo voltar a por a máquina a mexer e sigo de novo com os Ingleses. E a chuva sem abrandar. Lá vamos entre sobe e desce aproveitando alguns troços de alcatrão para ganhar tempo, até que fico sem pastilhas e lá faço os últimos 50km com os travões a travar no ferro. Ainda tenho direito a duas quedas, uma delas fruto do cansaço e a outra da fruto da falta de travões. Já muito cansado e com muita fome, paro em Monte Juntos, onde deixa de chover, e aproveito para comer uma valente bifana (com mostarda) e beber uma coca-cola. Arranco de novo para os últimos 20 km volto a cruzar-me com a Filomena, mais umas palavras de incentivo ao que a Filomena responde:
- Como é que te chamas?
- Eu, sou o Nuno Machado
- Tu é que és o Nuno Machado?! Então o Tó manda-te um abraço.

E é com as boas recordações das voltas na Arrábida que sigo até ao final onde ainda sou "obrigado" a fazer a calçada medieval de Monsaraz. Nesta tenho mesmo que desmontar, por falta de força e por um enorme buraco que tem no meio, e quando penso que já acabou eis que ainda falta subir até ao largo da Igreja. Mas como é o fim a força volta e sigo montado.

Por sorte a Igreja estava fechada se não o António tinha feito com que subíssemos atá à torre para tocar o sino.


Acabo e ao mesmo tempo chega o António Malvar, que com o seu sorriso olha para mim cheio de lama e me dá os parabéns. Eu nesse dia fiquei com o Ego com mais de 3 metros, nem cabia no meu corpo. Tinha feito o meu dia mais duro em termos desportivo, espero não ter de repetir.

A parte pior foi lavar a roupa, ir jantar, fazer mecânica e ainda conseguir descansar para o dia que estava para vir que tinha quase 140 km.


Amanhã conto mais

Um abraço e pedalem muito
Nuno Machado#50

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

FALAR DO TRANSPORTUGAL 2007 - Dia 4

Dia 4 - Ladoeiro - Castelo e Vide

Falar da Etapa 4 do TransPortugal é falar de Rio Tejo e de entrada no Alentejo. É verdade ao fim de 4 dias já atravessamos metade do país e deixamos para trás o Alto Douro, a Beira Alta e a Beira Baixa. É ainda dia de se falar de uma grande coincidência, 3 quedas no mesmo local por BTTistas diferentes, a Filomena, o Adriano e, se não estou em erro, o Cláudio. Todos eles caíram dentro de um Eucaliptal mas sem problemas de maior.

A etapa do dia é composta por várias fases, a 1ª fase é muito rápida e leva-nos junto ao rio durante os primeiros 25 Kms, onde se aproveita para rolar o mais rápido possível para se ganhar tempo para o que ainda vem. E assim sempre com a água à vista vamos esticando as pernas até perto de Lentiscais. Aqui começa uma 2ª fase de sobe e desce ao bom estilo rompe pernas que nos permite atravessa o Ponsul e seguir em direcção a Monte Fidalgo e logo em seguida até Perais para mais uma zona de sobe e desce e depois uma zona de pedra rolada onde a Scott Spark 10 vai sempre agarrada ao chão e a evitar os maus tratos do meu corpo. Esta parte leva-nos até Vila Velha de Rodão, onde se atravessa o Rio Tejo e onde aproveito para comer e descansar um pouco para preparar a 3ª fase.

A 3ª fase começa em Vila Velha de Rodão e leva-nos sempre junto ao Rio Tejo, numa espécie de varanda onde vamos rolando, subindo e descendo até Salavessa. Aqui sigo com um grupo de quatro e lá vamos seguindo entre curvas e contra curvas sempre com o rio aos nossos pés até entrarmos na 4ª fase do dia que nos leva de Salavessa até à base de Castelo de Vide, primeiro por um pouco de alcatrão, depois pelo meio de uns Eucaliptais, em seguida encontro o Adriano um pouco combalido de uma queda mas quando o convido para seguir comigo, mas a verdade é que fui eu que não consegui ir com ele. Lá seguiu com o seu ritmo até Póvoa e Meadas onde paro para uma Coca Cola e onde encontro o Miguel e o Jorge Cunha, que estavam a fazer esta etapa por pura diversão. Arranco e rapidamente chego à ultima fase. A 5ª fase leva-nos para a linha de meta já dentro de Castelo de Vide a verdade é que esta fase é a cereja no topo do bolo. Só falta fazer a calçada medieval (agora com uns troços em alcatrão) , assim se vai subindo a encosta entre ganchos que vão inclinando cada vez mais, depois um curto troço com uns degraus, é tempo de atravessar a estrada e fazer os últimos 100 mts já dentro do castelo e chegar até à meta após cerca de 6h 45m perto da Scott Spark 10.

Tempo para ir até à tenda do reforço, tempo para banho, tempo para lavar a roupa, tempo para a massagem, perceber se tudo estava bem com o Adriano, rir um pouco com as aventuras do João Marinho (ou bebé Marinho). E tempo de jantar com uma mesa recheada de gente onde destaco a Carol Silvera (uma americana com avós Açorianos )e a Irmã. Tempo para pensar no descanso para a etapa que estava para vir e que em condições normais seria muito dura.

E quando eu já pensava em dormir eis que chega o André e a Bebé Cunha que vinha dar-lhe uma massagem. Pelos gritos que o André deu acho que foi mais uma valente tareia. Mas ao menos o André aprendeu o método de respiração de Lamaze.

Depois na manhã seguinte nem vos conto o que aconteceu.

Ou melhor conto na próxima etapa

Um abraço e pedalem muito
Nuno Machado#50

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Falar do TransPortugal 2007 - Dia 2 e Dia 3

Dia 2 - Freixo de Espada a Cinta - Alfaiates Após algumas horas em que o José Carlos passou de volta da minha SCOTT SPARK 10, lá arrancamos para o segundo dia. A verdade é que este dia tinha de ser diferente, pois a classificação já tinha um líder e um grupo de perseguidores. Para mim as coisas eram mais simples pois o mau começo da etapa anterior ponha-me fora da classificação mas ponha-me também a andar só por gozo. Vá se lá saber qual é o gozo de fazer perto de 120 Km em cima de uma biccleta de BTT.

O Começo tem logo uma boa subida onde a utilização da "Talega pequenina" dá muito jeito uma vez que ainda não aquecemos e depois um curto troço de alcatrão nova subida, e das boas, antes da descida para Poiares. Em seguida uma boa descida em alcatrão com excelentes ganchos a obrigar a fazer curvas ao melhor estilo MOTO GP e a entrada no que considero ser o melhor troço da TransPortugal, 200 mts em single track, técnico, a descer entre lajes e degraus com uma boa falésia do lado direito, e onde uma queda dita quase de certeza o fim da prova.

Passagem pela ponte romana, carregar um pouco a bike às costas e começar a descer para Barca de Alva, sempre ao lado do rio do Douro, passar a margem e começar a preparar a subida para Castelo Rodrigo. Subida muito chata, pois vai subindo com troços mais e menos inclinados durante aproximadamente 15 Km, chegamos a Figueira de Castelo Rodrigo e já só falta mesmo subir ao Castelo primeiro 100 mts em alcatrão e de repente o GPS manda-nos para a direita para um trilho bem inclinado de perto de 300 mts onde quase mordemos o guiador.

Chegada ao Castelo tempo para uma Coca Cola, e começar a fazer a descida em direcção a Almeida aqui vou-me cruzando com mais alguns participantes e depois foi só seguir em direcção a Alfaites, pelo afamado caminho do carril que no papel parece fácil mas se pode tornar impossivel se o vento estiver Sul (o que é uma constante nesta altura do ano).

Quem se parecia dar bem com o vento eram os Belgas e o João Marinho que rolavam a grande velocidade na frente da prova. No final da etapa ainda segui com o Agnelo a fotografar e a filmar a minha prestação final. - Deu-me um ar de Pro ou Epic Rider.


Chegada à meta e lá estava a tenda que tantas alegrias me deu nos finais de etapa. Comida, bebida e massagens, que mais se pode querer ao fim de 7h a pedalar. Tempo ainda para umas piadas na zona de mecânica, para entreter o José Carlos que neste momento já fazia o seu trabalho.

Dia 3 - Alfaiates - Ladoeiro

O que dizer daquela que é para mim a melhor etapa da TransPortugal. Se não vejamos, num só dia andamos na Malcata subimos a calçada romana para Monsanto voltamos a descer em calçada romana e depois em singletracks em direcção a Idanha a Nova. Tudo num só dia e em BTT. Mas eu conto promenores.

A saída era um pouco diferente das dos anos anteriores e é um pouco mais rápida segui na companhia do Ricardo Lanceiro e rapidamente chegamos a Foios após as grandes descidas que nos deixam nesta aldeia. Rápida entrada na Serra da Malcata e aí começa o sobe e desce, e o saltar entre Portugal e Espanha. É um ponto para ter algum cuidado pois é fácil furar, pelo grande numero de pedras que compõe o trilho, e mais cuidado ainda pois por vezes a velocidade que se pode atingir pode atirar-nos para fora do trilho e uma queda nesta zona não é muito aconselhável. Já perto do final e numa subida um pouco mais inclinada o Ricardo foi embora e eu segui o meu caminho até uma zona de eucaliptal onde tenho que deixar o Adriano ir embora, pela quantidade de pó que saía da sua roda de trás. Tempo para chegar à Serra do Ramiro e subir o pior que já subi em bicicleta 500 mts acima dos 20% de inclinação (metade tive de fazer a pé).

Depois uma fase que permite descansar um pouco antes de atacar a calçada romana que nos leva até Monsanto e quando pensamos que a calçada acabou e vai ficar fácil chega o alcatrão e inclina mais. Tempo para um curto almoço e seguir em direcção à calçada para descer para Idanha, depois cruzo uma zona onde infelizmente a Sónia estava a entrar na ambulância após uma queda aparatosa, seguir até à Sra do Almurtão e no final seguir até ao Hotel no Ladoeiro. E claro após mais 7 horas a pedalar lá estava a alimentação, a piscina, as massagens e a zona de mecânica, onde alguém muito simpaticamente me deu um valente banho à bicicleta e a Bebé Teresa Cunha me deu uma valente sova nos músculos. (ainda hoje me dói só de me lembrar)

Segue amanhã...

Um abraço e pedalem muito
Nuno Machado#50 - Part of TEAM M&M

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

FALAR DO TRANSPORTUGAL 2007 - Dia 0 e Dia 1

A verdade é que ainda não contei nada sobre o TransPortugal 2006 mas a verdade é que me apetece muito mais falar sobre o TransPortugal de 2007. Sim esse que foi o mais participado de sempre, o mais rápido de sempre e no meu entender o mais duro que já fiz.

Não sabia como começar a contar a aventura deste ano que me levou para Bragança pela terceira vez consecutiva, mas a forma como saí de casa no Domingo passado, de baixo de uma boa chuvada, fez-me lembrar a partida para a 4ª Etapa entre Castelo de Vide e Monsaraz, para os 160 Km mais duros que já fiz. Mas disso vou falar um pouco mais à frente. Agora começo pela partida para mais uma Bike Trip.

Dia 0 - O arranque de Lisboa

O arranque foi da porta do Hotel Barcelona em Lisboa, tempo para rever o Cal Burgart (vencedor de 2005) agora já com 65 anos - se não estou em erro - e tempo para conhecer o Jaime o policia de transito das Canárias, que decidiu vir fazer a nossa prova após algumas trocas de mensagens no FOROMTB (Forum Espanhol). O Cal vinha com a certeza de ir penar um pouco uma vez que tinha abusado da época de Ski e não esperava vir a Portugal de novo e como tal descurou a preparação.

Seguimos directos até à Régua onde fomos brindados com a vista da zona das vinhas e com um valente almoço, que seria o ultimo até Domingo da semana seguinte.

Seguimos para Bragança e após os normais check in hoteleiros seguimos para a montagem de bikes e ultimas afinações, pois no dia seguinte todo tem que estar na perfeição. Final das montagens e entrada no primeiro Briefing para perceber o que se irá passar este ano durante a prova e com especial ênfase na primeira etapa.

Dia 1 - Bragança - Freixo de Espada a Cinta

A etapa prometia pela primeira vez atingia-se os 50 participantes o que significaria em alguns casos rolar em grupo, pela parte que me toca estava completamente enganado.

Os primeiros 3 Kms são feitos em alcatrão e aqui nada de mal, arranquei com calma pois esta é a etapa mais dura e uma má gestão pode estragar a semana toda, mas eis que entro em terra e ao fim de 10 metros sinto uma chapa a tilintar de baixo da roda de trás e a traseira a ir para todo o lado, digo mal do pneu e só então realizo que tinha rasgado o pneu. Ao fim de 3 km e 10 metros já estava a fazer mecânica. O André chegou ao pé de mim e lá esteve que esperar, como um bom vassoura. Arranco de novo e já estava 10 minutos atrasado faço os 3 Km e lá vem a primeira subida do dia, a corrente salta para o lado de dentro de cassete e fica preza nos raios, dou um toque no desviador e de repente o manipulo que controla o desviador de trás não funciona, faço um pouco de tenção e a alavanca dá uma volta de 360º ao fim de 6 Km não tinha mudanças atrás, não podia estar a correr pior. Começo de novo a fazer a mecânica e passado um tempo descubro que preciso de duas chaves iguais para desmontar o manipulo. Tenho que pedir ajuda ao André e penalizo uma hora. O máximo que conseguimos foi passar 4 mudanças (as mais pesadas) nada mal para a etapa mais dura da Super Travessia. Quando arrancamos de novo já tinha perto de 2h 15m parado e estava a penalizar 1 hora por ter tido ajuda da organização (vingo-me do André no Cape Epic) para ajudar ainda mais o André não trazia GPS e durante a subida tenho de esperar algumas vezes por ele nos cruzamentos e nas contas que fazia na cabeça para poder acabar a etapa dentro do tempo, não posso parar mais vez nenhuma.

Todo estava a correr bem e perto de Pinela volto a furar, estava tudo estragado, isto superava o pior começo que eu podia ter imaginado. Seguimos então até Vimioso e em Caçarelhos tenho de decidir entre seguir e fazer companhia ao André, sabendo que não chegava dentro do tempo, ou ir de carro até Freixo e ter tempo para fazer mecânica séria e trocar desviadores e manipulo. O André compreendeu a necessidade de por a máquina a funcionar de novo e lá sigo de carro até Freixo. Pela segunda vez em dois anos não concluía a 1ª etapa da Super Travessia. Mas com a máquina a funcionar em condições a manhã seguinte seria diferente. E assim tenho uma desculpa para voltar à Super Travessia que é acabar a 1ª etapa.

Quanto ao dia de chuva esse conto amanhã mas deixo uma foto para aguçar o apetite.


Um abraço e pedalem muito
NM#50 - Part of TEAM M&M

Força, Resistência, Energia

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

TEAM M&M - NOVIDADES - EQUIPAMENTOS

Mais um dia mais um Sponsor desta vez ligado ao desenvolvimento e criação de equipamentos desportivos.

Já temos apoio para colocar em lycra todos os nossos patrocinadores, e o Sponsor é:








A COFIDES vai ter a responsabilidade de nos equipar e e felizmente vai colocar ao nosso dispor todo o seu Know How no desenvolvimento de material de ciclismo, donde ressalvo a qualidade dos materias como a LYCRA POWER, o conforto proporcionado pelos calções EVOLUTEC.

MAs sobre as características dos materiais e das suas funcionalidades vou falar em breve, inclusive do material DRY STORM que é utilizado nos casacos de Inverno e que muito jeito nos vai dar para treinar nos próximos meses.

Fica ainda o nosso obrigado ao Pedro Teixeira que acreditou no nosso projecto desde a primeira hora.

Um abraço e pedalem muito
Nuno Machado#50 - Part of TEAM M&M