quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O caminho até ao Nuno Machado #50 - 2ª Parte


Ou, da primeira volta à primeira queda...

Como devem calcular hoje não me faltam voltas e Kms de bicicleta mas como é claro existem algumas que não esqueço, como por exemplo as primeiras.

E assim hoje aproveito para vos contar os primeiros tempos com a minha Decathlon. No dia a seguir a ter feito essa prodigiosa aquisição, acordei bem cedo e preparei-me para sair de Telheiras e ir de bicicleta até ao Restelo, para aí ainda fazer uma hora no ginásio e depois voltar a casa. - Na minha cabeça funcionava e fazia sentido.

Arranquei e assim que cheguei ao Monsanto (quase 1 hora depois) adorei o facto de estar a andar no meio de trilhos e no meio da vegetação - era a primeira vez que fazia BTT. Já não fui ao Ginásio, mesmo que quisesse não iria conseguir lá chegar e voltar para casa no mesmo meio de transporte. Aproveitei o facto de já estar no Monsanto para dar mais umas voltas e apreciar o verde que existe em plena cidade de Lisboa. Na altura lembro-me que quase não havia carros no Monsanto pois uma ideia do Santana Lopes não permitia que os carros circulassem no interior desse espaço. Comecei a embater em algumas silvas e ervas altas que me provocaram os primeiros cortes nas pernas, tão típicos deste desporto. Tempo ainda para ir até ao Chimarrão dar uma volta pelo Keil do Amaral e as pernas começavam a pedir descanso e eu ainda teinha de voltar a Telheiras. (só de pensar já me doía)
A verdade é que cheguei a Telheiras e a primeira volta em BTT estava feita.

Comecei então a percorrer outras lojas de Bikes a ver que existiam máquinas bem mais evoluídas do que a minha e comecei a trocar as primeiras peças/componentes, recordo que a primeira grande mudança que fiz foi trocar o Gripshift por Rapid fire. Nesta fase começo a fazer companhia e a ser acompanhado pelo José Carlos, parte integrante da minha equipa de vendas, e parte muito importante em toda a minha evolução no BTT. Com o José Carlos fiquei a conhecer as subidas impossíveis do Monsanto (para as minhas pernas e 15 kg de bicicleta existiam subidas impossiveis), para o José Carlos e a sua GT iDrive 0.0 eram só subidas.

Estávamos a entrar no Inverno e José Carlos explicava-me a vantagem de ter travões de disco em vez dos meus V-Brake, e a verdade é que foram apenas precisas as primeiras chuvas para perceber os calafrios que tinha cada vez que tinha de parar e os meus travões teimavam em ser "abrandadores". Mas não havia nada a fazer chegar a uma bicicleta de travões de disco implicava investir perto de 2.500,00€ e eu ainda estava a descobrir o BTT e não me parecia sensato investir tanto dinheiro. - Não sabia o que estava para vir.

Decidi fazer mais um pequeno Up-Grade na minha máquina e colocar uns pedais de encaixe, comprados no Stand Jasma em Benfica (www.jasma.pt). Foi o meu primeiro contacto com esta loja e também não imaginava a relação de ajuda mutua que iríamos ter.

Cheguei a casa montei os pedais e encostado à parede da garagem comecei a experimentar, encaixar e desencaixar os pés, parecia simples e não me pareciam existir razões para ter medo de os utilizar no terreno. Liguei ao José Carlos e lancei um desafio:

- Rapaz, vamos a Sintra?
A resposta foi positiva mas ao mesmo tempo apreensiva.

Já à algum tempo que falávamos em ir a Sintra, mas a verdade é que nos parecia que subia muito e que não estávamos preparados para ir "empenar" para essas bandas. Mas lá fomos. Colocámos as Bikes no carro e com o entusiasmo e nervosismo de quem vai na maior bike trip do mundo, saímos de Carnaxide em Direcção a Sintra. Paramos o carro no Rio da Mula e comecei logo a testar o encaixar e desencaixar os pés dos pedais - mesmo no terreno parecia fácil. A primeira subida tivemos que a dividir em duas partes, o primeiro km e o segundo km, nunca tinha subido tanto de uma só vez, mas mesmo assim não desistimos e lá seguimos até ao posto de vigia da Pedra Amarela - que vista, já tinha valido a pena. Na descida e quando já estávamos perdidos encontramos mais dois "BTtistas" que nos indicaram o caminho a seguir de novo para o carro, mas ainda nos propuseram fazer a mítica subida do monge, que diziam ser uma das mais difíceis de Sintra.


Subimos até ao cruzamento dos Capuchos e após mais um pouco de conversa com os nossos "guias" lá decidimos começar a subida. Os "guias" não nos acompanharam, facto que eu estranhei e me fez pensar que a subida era mesmo dura. Mas lá fomos e foi então que se dá a imagem do dia. Com o José Carlos bem na minha frente em plena subida, tive que colocar uma mudança mais leve, que teimou em não entrar e me obrigou a dar um pedalada em falso.
Estavam criadas as condições ideais, uma mudança que não entra, um pé que não sai do pedal e aí estava o meu corpo colado ao chão com uma bicicleta por cima. Já estava, ninguém me pode tirar que a minha primeira queda em BTT foi, em Sintra e a subir o Monge.

O José Carlos desceu e ajudou-me a tirar a bicicleta de cima de mim, e descobri que ainda é mais difícil tirar o pé do pedal quando se está deitado. Mas mesmo assim não desistimos e lá fomos até ao cimo do Monge.

Descemos e voltamos para o carro, o principio do caminho de volta foi em silencio parecia-mos dois putos que acabaram de fazer a maior asneira do mundo, o sorriso que tínhamos assim fazia lembrar.

De uma coisa tínhamos a certeza, vínhamos de Sintra e havíamos de voltar...

1 comentário:

teribo disse...

Grande GT, as minhas primeiras voltas "a sério" foram dadas em Monsanto, Sintra e Arrabida com essa bike!!! Muito obrigado José Carlos por me emprestares a bike!!!