quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O caminho até ao Nuno Machado #50 - 3ª Parte


Entrada em 2004, as trocas de bike e a primeira Maratona

Voltamos mais umas quantas vezes a Sintra e o nosso fim de semana passou a ser preenchido por idas a Sintra ao Sábado e a volta do Domingo era quase sempre feita no Monsanto o que nos permitia ter um balanço familiar positivo.

Cada vez queríamos fazer mais kms e recordo do dia em que após várias voltas nos trilhos do Monsanto cheguei a casa já com 20 km marcados no meu conta Kms da CatEye. Era uma loucura 20 km todos seguídos e sem desmontar, que espectáculo. O José Carlos continuava a ser o companheiro destas loucas aventuras em que eu já aí para além do que podia.

Passado um tempo juntamos mais uns amigos, que já andavam, às nossas voltas eram eles o Ricardo "Tarta" e o irmão Pedro, e aí veio o momento em que acho que dei o salto.

Num dos nossos Sábados em Sintra depois de sairmos da Barragem do Rio da Mula, termos
andando pelos Capuchos, subido o Monge, passado pela Peninha, o José Carlos decide voltar para casa de Bicicleta e eu e o Ricardo decidimos ir almoçar a Sintra. Arrancamos dos capuchos para Almoçageme e daí para Colares, e agora é que iam ser elas estávamos no fundo da Serra e queríamos ir para Sintra, e fomos!!! Com a nossa calma lá seguimos pela estrada que nos levou até Monserrate e depois até Sintra. Hora de umas belas Tostas Mistas e de uns valentes travesseiros. Depois de almoço vinha ter connosco o Rui, o possuidor de uma Specialized Epic M5 em cinza anodizado (recordo que estávamos no final de 2003 e esta era a bike do momento).
Nesse dia o Rui que morava em Sintra apresentou-me a um sem numero de trilhos que, sei que foram tantos que quando decidi ir para o carro devia ter perto de 50 km na Bike, já não sentia as pernas, mas tinha batido o meu record pessoal.

Depois desse dia decidi que o que queria eram as largas distancias e como tal precisava de uma nova máquina, comecei a busca e quando falava com a Isabel sobre o tema o discurso sobre os preços era totalmente diferente. Já falávamos de valores entre os 2.500,00€ e os 3.000,00€ e a Isabel aconselhava-me a comprar a que mais confortável fosse. (E a verdade é que a do Carrefour já nem vinha à conversa).

Saía nessa altura um teste em que se incluía uma Scott Genius MC 50, li e o teste e no dia
seguinte passava pelo Stand Jasma para ver a máquina. Quem lá estava era o Jaime o Almeida que após uma conversa sobre a bike me propõe levar a Bike para experimentar. Não me fiz rogado e acabei por levar uma MC40 que já vinha com travões de Disco Hidráulicos e pesava quase menos 2,5 kg que a Decathlon. Liguei para o José Carlos e contei-lhe a novidade. No Domingo lá estavamos no Monsanto a tirar as medidas aquela máquina que me parecia de outro mundo. Suspensões a ar com câmaras negativas e positivas, uma série de rolamentos para a suspensão funcionar, 130mm de curso na frente. Para mim era um maquinão.

Após ter pensado durante uns dias fiz a encomenda no dia 30 de Dezembro. Ia ter uma Scott.

A bike chegou no inicio de Fevereiro e as voltas entre Monsanto e a Serra de Sintra sucediam-se. Recordo ainda ter feito um dos trilhos mais giros que conheço, não é técnico, não é rápido mas tem uma envolvente diferente de todos os trilhos que conheço. E por várias razões não vou revelar qual é.

No entanto no meio destas voltas reparava que os 130mm da Manitou Black eram um exagero para subir e comecei a pensar qual a suspensão que deveria ter. No meio de todas as que analizei na altura a FOX TALAS RLT parecia-me a melhor. Os seus 125mm de curso reguláveis permitiam subir rápido, descer controlado e todo numa suspensão Fox. - Assim pensava eu na altura. Lá tomei a decisão de fazer a troca e voltei ao Stand Jasma para falar com o Jaime sobre a suspensão e outras coisas e quando dei por mim tinha uma nova Bike.




Uma Scott Genius Genius MC 10 - Full XTR; Rodas Mavic Cross Max SL, Fox Talas RLT que mais podia eu pedir numa Bike. O valor? o Preço de tabela era de de aprox.5.000,00 € (250 vezes mais cara que a do Carrefour) mas para mim valia muito mais do que isso. E valia ainda uma relação com o Stand Jasma que a ainda hoje se mantêm.



Uma nova ideia me surgia na cabeça, se calhar estava mais perto de realizar um sonho de criança. Fazer os caminhos e Santiago - O caminho Real Francês. Procurei na Net e cheguei até à Ciclonatur, troquei os primeiros mails informativos com o António Malvar. Mas na altura tudo eram apenas motivações e intenções.

Na altura perto do mês de Março começava a falar-se na Maratona de Portalegre, e mais uma vez o meu parceiro de loucuras, o José Carlos, lançou-me o desafio. E pronto lá estávamos nós inscritos para mais uma loucura. Temos o numero 882 (Nuno Machado) e 883 (José Carlos Nascimento). Lá começamos a treinar mas nem imaginávamos onde nos estávamos a meter.

Ficamos hospedados num belo monte Alentejano com as "Marias" e as Bicicletas, o espaço era partilhado com outro participantes e após o pequeno em conversa com um dos participantes ouvi algo que viria a confirmar durante o dia. - "O pior destas coisas é que quando estamos habituados a treinar uma certa distancia, quando lá chegamos conseguimos fazer para aí mais 20 km e todos os que sejam mais que isso são um sufoco."

Isto fez-me lembrar que a minha média de treino eram 40km, com mais 20 km chegaria aos 60 km e os outros 40 km seriam em sofrimento. Não era um bom pensamento para antes da partida.

E lá estávamos às 9 hora em ponto do dia 8 de Maio de 2004 cerca de 1500 doidos arrancavam para os 107 km do Portalegre 100 (nessa altura ainda só eramos 1500 a fazer o Portalegre).

Logo no inicio houve quem tivesse caído e nem chegasse à partida real, o inicio da prova era muito rápido e todo o que se possa imaginar de mau estava guardado para o fim. No início rolamos por entre cearas e alguns pinhais para após os 40 Km (no Alegrete) as coisas começarem a piorar, as primeiras subidas - dignas desse nome - apareceram no meio de um Eucaliptal, que seguia, já em plena reserva de S. Mamede, por mais trilhos e a subir e descampados. Por esta altura já me tinha cruzado com o Nuno (mais um amigo que ganhei com o BTT) que neste momento já se queixava de caimbras. A minha primeira caimbra veio por volta dos 60 kms ( é verdade ainda faltavam 47 Km). Por sorte logo a seguir tinhamos uma boa descida que nos levava até à ZA3 para onde eu tinha enviado um saco com fruta e mais Isostar.
(Na altura a organização juntava no incioc os sacos/marmitas de todos os competidores e levava-os para esta zona de almoço). Depois desta paragem retemperadora começou o martirio, foi a subida até ao Alto de S. Mamede (Quase 7 Km a subir) e depois até ao final um sobe e desce constante que só terminaria dentro de Portalegre no Jardim do Tarro. Recordo ainda que me cruzei com o Nuno mais uma série de vezes para no final saber que tinha chegado ao fim depois de ter sido acordado por um escuteiro, quando fazia uma boa sesta retemperadora. Eu quando estava quase no final (dentro da zona industrial antiga) a faltarem 2 km para a meta tive que parar e fiquei com a sensação estranha de que não ia conseguir dar nem mais uma pedalada. Mas a verdade é que o animo que os de fora te podem dar é um excelente tónico e após ter comido e ser incitado por uns quantos companheiros de ocasião montei e decidi rolar até ao fim. Quando cortei a meta não sentia nada do meu corpo, soube que o José Carlos tinha decidido abandonar após a subida de S. Mamede, mas prometera voltar em 2005. Eu, terminei a minha primeira maratona de 107 km no dia 8 de maio de 2004 com o tempo de 9h 39m, ficando no 660º lugar e tendo ultrapasado todos os meu limites. Deitei-me no jardim e devo ter estado pero de 10 minutos sem conseguir proferir uma palavra, quando falei só me lembro de dizer:

- Santiago está fora de questão, e maratonas nunca mais.
O que mais me custou desse dia é que nesse momento me tornei um homem sem palavra...

Mas estava mais perto de ser o Nuno Machado #50

2 comentários:

Anónimo disse...

bom parceiro, para além de termos o 1º nome igual acho que de facto temos muito em comum, e aprecio bastante a tua escrita. Continua a postar e estou curioso de ver a parte final deste teu resumo de 4 anos ;)

cumps
nmoc

teribo disse...

"maratonas nunca mais", quem te ouvir/ler quase que podia acreditar em ti, não fosses tu um mentiroso compulsivo!!!! hehehe
abraço amigo!
MC Rules!!! lol